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  • julianamartinsfree

Sobre querer ser mãe

Bom, primeiramente, preciso explicar que não é fácil falar sobre o tema. Mas com o passar dos meses, entendi que deveria compartilhar esse momento tão vulnerável...Que pode estar recheado de drama pra algumas, e consolar o coração de outras...


O começo:

Eu sempre desejei ser mãe! Sabe aquela criança que ama brincar de barbie? Incrivelmente, eu não era! Apesar de amar o conceito de independência desde pequena, eu preferia brincar de boneca, e empreendedora rsrs

E eu nem fui uma pessoa que era suuuuper apaixonada com crianças não. Eu sempre gostei, mas nunca fui do tipo que é um doce e atrai elas. Nem sempre pegava no colo os filhos dos amigos, mas posso dizer que fui relembrada recentemente, de que cuidei de muitas crianças. Algumas, que hoje estão adolescentes, e até adultas! E eu nem lembrava disso!

E sempre imaginei, que eu seria mãe. Sempre desejei isso.


Segui o fluxo da vida, estudei, casei, me ajustei à uma nova rotina, vivi primeiros anos lindos no casamento...Quando de repente, bateu a vontade de ouvir um chorinho de nenê pela casa. Minha mãe tinha razão! Quando essa hora chegasse pra nós dois, iríamos desejar um filho e talvez, essa fosse a hora de tentar.


Mesmo com essa vontade, ela demorou a amadurecer em nossos corações...Como qualquer coisa nova, vem com medos e expectativas. E acreditamos que não seja uma decisão que deva ser tomada por impulso.


Mas uma hora tudo se alinhou.

Eu estava ciente que não é tão simples assim engravidar, e os médicos disseram: um casal saudável demora de 6 meses a um ano pra conceber, então fiquem tranquilos!


Só que, há anos, eu vivia com problemas com ansiedade e falar isso pra uma pessoa ansiosa, é quase que entrar num ouvido e sair pelo outro, certo?

Pouco depois e eu tive meu primeiro positivo!

Poxa, a sensação foi indescritível! Revelar pro futuro papai foi emocionante! Fiz rapidamente o exame de sangue, e pra nossa surpresa, deu negativo. Ficamos sem entender nada. E depois de alguns vídeos no youtube, vimos que o teste que fiz, dava falso positivo algumas vezes! Foi um balde de água fria em mim.

Mas depois de alguns meses, no teste deu uma linha rosada fraca, e resolvi comprar aquele teste de blogueira que diz grávida ou não grávida. E o positivo era REAL...Mais uma emoção contar pro meu marido e pra família, mais ainda!

Quem descobre um positivo, sabe que a sentimento no coração é: EU VOU SER MÃE! Mesmo que a ficha não caia de imediato, a gente vira mãe naquela hora ali. Ou seja, eu estava vivendo o momento, deixando a ficha cair, e tentando processar como tudo seria.

5 dias depois da descoberta, veio um sangramento. Uma dor intensa, junto com um resultado de exame de sangue que estava com o beta hcg baixo. Alguns dizem que é a tal da gravidez química, outros dizem que é um aborto, e pela médica, acontece com muitas mulheres, só que elas nem sabem que aconteceu, fica somente como um ciclo que atrasou alguns dias. Só que eu tive a sorte de descobrir antes, que se tratava de uma gravidez que não evoluiu.


Meu coração estava desmoronando! Mas eu entendi, que como toda a minha vida pertencia a Deus, meus filhos também pertenciam!

Dali em diante, comecei a fazer uma série de exames...E junto deles, vieram alguns testes negativos. E no meio desse processo, fui parar de madrugada no hospital com dores intensas no abdômen e descubro um cisto no ovário que havia se rompido. Fiz uma cirurgia de urgência, pra retirar um ovário e o cisto e depois, a biópsia mostrou que era um cisto de endometriose. Estou sendo bem leiga pra explicar, até porque demorei a ter um diagnóstico preciso.

A endometriose pode atrapalhar algumas mulheres a engravidarem. E eu nem sabia que tinha isso. Mas também não quer dizer que acontece com todas.

Após a cirurgia, minha mãe sugeriu que eu buscasse ajuda psicológica. Eu estava ainda sofrendo muito com a perda, e na minha cabeça, as coisas ficavam muito maiores do que realmente eram. Comecei a fazer terapia, pra tratar a ansiedade. E ela pode ser um fator agravante pra atrapalhar nosso corpo a realizar todos os processos hormonais necessários pra que tenhamos um ciclo fértil.


Foram meses frustrada, com pensamentos obsessivos, tentando entender se tinha algo de errado comigo, ansiosa por resultados de exames...e orando, constantemente , entregando ao Senhor.

A terapia foi muito importante pra que eu administrasse melhor a ansiedade, mesmo que ela estivesse ali, e aparecesse em alguns surtos. Mas aos poucos, tenho aprendido a ter estratégias em que esvazio os pensamentos intrusivos, e entrego os meus pensamentos à Jesus pra ir acalmando meu coração, e vivendo cada vez mais o presente.


Ser tentante, foi um processo doloroso, e eu não consigo imaginar o que é passar anos vivendo por isso, sem pensar na dor que é desejar intensamente um filho, e não ter.

Pra ajudar, (estou sendo irônica) no período do repouso da cirurgia, eu estava lendo todas as suas perfeições, eu não sabia que contava a história de uma mulher que fica estéril. Pensa! Minha cabeça ficou mexida.

Tentar resumir em algumas palavras, o que eu senti nesse tempo de espera, é quase inútil. Tudo foi intenso e doloroso demais pra mim enquanto esperava.


Eu pensava na fala de Raquel: Dá-me filhos, senão eu morro. (Gêneses 30:1)

E em Ana, que estava sempre chorando e foi questionada pelo seu marido se ele não era melhor do que dez filhos. (I Samuel 1:8)

E eu não me via nessa situação, até porque, naquela época, a mulher tinha valor somente se desse filhos ao marido e hoje sabemos que não é assim.

Mas a tristeza ficava ali, sabe?


Quero abrir um parêntese aqui, e dizer que meu marido foi crucial o tempo todo, mesmo não compreendendo a profundidade dos meus sentimentos. Ele sempre dizia palavras de apoio, e me dava confiança. Principalmente sempre dizendo o quanto estava feliz comigo, e que pra ele, aquilo bastava. E eu sei que ele desejava filhos também. Talvez não na mesma proporção que eu, mas ele queria. E eu sei que sempre o teria como apoio.


Em um momento ouvi uma youtuber dizendo as seguintes palavras:

“O não de Deus, me fortalece. As vezes ele não vai me livrar da minha dificuldade, porque ele quer me ensinar nela. Ele quer me transformar durante a minha dificuldade . Minhas maiores dificuldades, foram as que mais me fizeram crescer. “ - Fabíola Melo.


Engraçado que, olhando pra trás, consigo enxergar claramente rompimentos e rupturas que foram extremamente dolorosas, mas que me transformaram e mudaram minha visão de mundo, e inclusive me fizeram ser mais empática em relação ao meu próximo. Reduziram minha imaturidade e infantilidade , trazendo uma percepção totalmente nova e madura pra vida. Além de todo esse tempo, mesmo me sentindo só, o Senhor me fez depender e confiar nele . O não dele pode doer agora, mas pode me fazer ser alguém melhor, alguém que ele quer.


Isso me manteve com fé, de que o melhor dEle seria feito. Mesmo que não fosse aquilo que eu desejava. E mesmo que isso fosse doloroso, minha vida não acabaria ali.


Ao fim de alguns exames, que mostravam estar tudo certo comigo, lembro exatamente da médica dizendo: Você está saudável, pronta pra engravidar, mas no próximo ano (faltavam 3 meses pro ano acabar) você vai precisar procurar uma médica especializada em fertilidade.

Aquilo aos meus ouvidos, ressoou por dias. Pensei: Meu Deus, estamos no prazo limite que nos falaram. Com essa fala, possivelmente temos realmente um problema.


Certo dia, em um encontro (culto) de jovens, tivemos um momento de imposição de mãos, e sem dizer exatamente o que havia comigo, pedi pra que eles orassem por mim. Meu esposo, sabendo do que se tratava, orou exatamente pra que eu descansasse na vontade de Deus. E como havia dito que ainda estava com um resultado de exame inconclusivo, oraram pra que eu recebesse cura.


Mas um dia, eu falei com meu marido : Se Deus não quiser que tenhamos filhos, eu sei que vou continuar sendo feliz vivendo com você. E nesse período, meu coração encontrou descanso.


Dia 24/11/23 , antes do atraso do meu ciclo, (a ansiedade presente até aqui), fiz um teste . E a louca: foi logo depois de uma sessão de terapia a tarde .

Lembro que foi só por força do hábito. Claro que tinha aquele 1% de esperança, mas eu já estava tão acostumada a ver testes negativos, inclusive a enxergar linhas imaginárias positivas, mas perceber que era só coisa da minha cabeça. Que fiquei muito chocada, ao aparecer uma segunda linha ali. Eu não esperava. Primeiro, porque o recomendado é fazer após pelo menos 5 dias de atraso, e eu nem atrasada estava. Segundo, porque já estava pronta pro próximo ano procurar outros médicos e já havia aceitado a ideia de termos que resolver um possível problema.

Na minha cabeça, eu engravidaria em 2024. Tinha quase certeza disso.


Repito: na minha cabeça. Muitos problemas, estavam nela. Minha mente, o tempo todo, me consumia com os piores pensamentos a respeito dessa situação toda que estava vivendo. Então o sofrimento sempre era maior. Pulsava muitas vezes dentro de mim, uma revolta.

Somente quando descansei na vontade de Deus, e entreguei pra Ele minhas ansiedades, quando eu havia renunciado ao desejo, e me entenda, não deixei de sonhar, mas passou a ser mais leve pra mim, que o positivo veio. E sei que se de fato essa fosse a vontade Dele pra mim, eu teria que entregar á Ele, muitas e muitas vezes novamente.


Eu tive que confiar na vontade Dele pra mim, me alegrar com aquilo que Ele achava melhor e entender que pra tudo que faço, vivendo dependente dEle, existe um propósito.


Eu podia engravidar com 1,2, 3 meses de tentativa, como muitas amigas minhas. Ou até mesmo enquanto evitava... Mas Deus não escreveu isso pra mim. E eu sei que um dos motivos, era pra que eu pudesse escrever isso agora pra você.


Ele conhece todas as nossas dores, e nos ama incondicionalmente. Mas além disso, Ele enxerga lá na frente e somente Ele sabe o que é melhor. Descansa, confia.

Seu paizinho ta te ouvindo.


Com amor, Ju.






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